Ontem fui a Coimbra com a minha filha para ver o show do Coldplay. Eu já esperava um evento sensacional, pois tinha ouvido e lido relatos de amigos que transbordavam encantamento. Mas devo dizer que, ainda assim, a experiência superou as minhas melhores expectativas.
Não vou falar aqui dos aspectos negativos (relacionados basicamente ao acesso ao estádio, mal sinalizado e mal orientado), porque além de se tornarem insignificantes diante dos positivos, ficam também atenuados por ter sido a noite de estreia.
Vou falar do que me encantou, e que vai muito além da música e da qualidade artística do espetáculo, que é incrível. Vou falar de VALORES!
“I was just guessing at numbers and figures
Pulling the puzzles apart
Questions of science, science and progress
Do not speak as loud as my heart”
(The Scientist)
O show conta com recursos tecnológicos e audiovisuais de altíssimo impacto. Desde a qualidade do som impecável, passando pelas pulseiras de LED que acendem e piscam em diferentes cores de acordo com a música, chuva de papel picado, balões coloridos, telões de alta resolução, projeções de laser, até os fogos de artifício. Tudo funciona perfeitamente, e o melhor: COM 100% DE ENERGIA RENOVÁVEL, parte dela gerada pelo próprio público, em bicicletas e pistas de dança cinéticas. Um forte chamado para o valor da SUSTENTABILIDADE. Assim como na divulgação das causas ambientais para as quais a renda do espetáculo contribui: redução das emissões de carbono, limpeza dos oceanos, reflorestamento, redução da pobreza etc. – que reflete a preocupação com as GERAÇÕES FUTURAS.
Chris Martin esbanja carisma e o seu comportamento traduz com maestria o novo paradigma de liderança. Esforça-se para falar português, toca e canta uma música que homenageia a cidade de Coimbra, numa demonstração de RESPEITO à cultura local. Agradece a presença das pessoas, em especial as que se deslocaram de outras cidades, mencionando as dificuldades com o trânsito, com EMPATIA. Abre espaço para artistas locais e novos nos shows de abertura, assim como para um jovem do público que sobe ao palco para tocar piano a acompanhá-lo, numa atitude de SIMPLICIDADE e HUMILDADE.
“Turn your magic on, to me she’d say
Everything you want’s a dream away
Under this pressure, under this weight
We are diamonds taking shape”
(Adventure of a Lifetime)
Numa das músicas, a banda interrompe a música ao meio, e Chris Martin pede a todos para guardarem seus devices eletrônicos e recomeça a música, criando um momento repleto de EMOÇÃO e CONEXÃO.
“Cause you’re a sky, you’re a sky full of stars…
Such a heavenly view!”
(A Sky Full of Stars)
Eu poderia seguir citando aqui diversos outros exemplos de VALORES expressos nas atitudes do líder (Chris Martin) e sua equipe (Coldplay), como a COLABORAÇÃO e o foco na SATISFAÇÃO DO CLIENTE, entre outros. Mas, no fundo, o que mais me tocou foi perceber a força da integração do “high tech” com o verdadeiro e profundo “high touch”.
Que a tecnologia siga evoluindo e facilitando a nossa vida e o nosso trabalho. E que seja acompanhada de uma crescente humanização dos líderes e organizações, impulsionando a evolução e o aproveitamento do potencial individual e coletivo.
“My human heart
Only got a human heart
I wish it didn’t run away
I wish it didn’t fall apart”
(Human Heart)