Ontem foi o Dia Mundial das Artes e na próxima semana teremos o Dia Mundial da Criatividade. Vejo com ressalvas essas datas simbólicas, mas elas nos convidam a refletir sobre os temas e às vezes nos trazem insights interessantes.
Falando em criatividade, começo a pensar no quanto essa palavra tornou-se banal, e com isso perdeu força e virou clichê. Na verdade, a criatividade nunca foi tão urgentemente necessária quanto neste momento de profunda volatilidade, em que a única certeza é a mudança. “Pensar fora da caixa” é fundamental para deixar fluir novas ideias, seja nas artes, nos negócios ou na vida.
Muita gente ainda pensa que a criatividade é um dom, um talento inato que se manifesta em algumas pessoas (como os artistas, escritores, publicitários, etc). Mas já se sabe que esta é uma competência que pode (e deve) ser desenvolvida!
Para mim, a criatividade tem a ver com conexão de ideias, mas também com emoção e intuição – capacidades essencialmente humanas. Desenvolver a criatividade, portanto, implica em “abrirmos a cabeça, para que afinal floresça o mais que humano em nós”, como canta a diva Maria Bethânia.
As tecnologias emergentes, como a inteligência artificial, abrem espaço para que, cada vez mais, as pessoas desenvolvam atividades menos mecânicas e mais humanas – que requerem sensibilidade, empatia, habilidades interpessoais, criatividade. E a arte tem esse poder de nos sensibilizar, nos conectar, nos emocionar, nos humanizar. Por isso é que diversas organizações já utilizam a arte nos seus programas de desenvolvimento de pessoas e equipes!
Em 2017, tomei conhecimento de um evento paralelo ao Web Summit em Lisboa: The House of Beautiful Business. Um evento que reunia gente do mundo corporativo e das artes, com o objetivo de discutir ideias para a humanização dos negócios, valorizando o “high touch” em contraponto ao “high tech” do Web Summit. A ideia me seduziu, mas ambos eram eventos caros e eu já estava inscrita no Web Summit, então só pude participar do evento de abertura da “House”, que era gratuito. Ao chegar, recebi uma fita com o nome do evento para amarrar no braço, igualzinha às tradicionais fitas de lembrança do Senhor do Bonfim da Bahia vendidas na porta da famosa igreja na minha terra natal, Salvador. Eu, que acredito em sinais do destino, entendi que era mesmo para estar ali.
Fui ao evento sozinha e de repente, no meio de uma palestra do idealizador Tim Leberecht, ele pediu que as pessoas escolhessem alguém para se conectar e conhecer. Recolhida na minha timidez, não tomei qualquer iniciativa, mas tive a sorte de ser escolhida por Moulsari Jain, artista plástica e coach, indiana que vive em Amsterdam, uma pessoa e profissional incrível com quem estou conectada desde então. Moulsari publicou, na ocasião, o artigo “How Artists Will Save Business (And Humanity)”, que resume muito bem o espírito do evento, e me despertou muitas reflexões pessoais e profissionais.
Sempre fui uma entusiasta das artes em geral, embora tenha uma paixão especial pela música. Já fiz teatro amador na adolescência, já tive aulas de canto e de dança em alguns momentos da vida, mas de alguns anos para cá tenho sentido uma necessidade maior de arte na minha rotina. Passei a ter aulas de piano e, mais recentemente, de dança, até a pandemia. Sinto que a arte me conecta com a minha essência, me aguça os sentidos, me traz alegria, e tudo isso também contribui imensamente para o meu desenvolvimento profissional.
E você? Qual a importância da arte na sua vida e na sua formação como pessoa e profissional?